Olha-me o ambiente e as flores e a fauna e a água e...

Eu não sou ecologista. Porquê? Porque honestamente estou-me a cagar.
Não sou o proprietário de uma fábrica de cotonetes, ou seja lá o que for que hoje em dia polua o ambiente.
Mas puxei este assunto para trazer uma justificação, que tenho há algum tempo, quando atiro uma garrafa ou um papel para o chão, até quando escrevo nas mesas, e surge sempre, mas sempre, alguém com a superior moral de me chamar nomes.
-Hey estúpido, tens ali o caixote do lixo, apanha isso e mete ali.
-Porquê?
-Para não sujar, meu idiota.
-E no que é que isso te afecta?
-No tempo em que vivemos e com a informação disponível sobre o tempo de degradação desses compostos ainda me fazes essa pergunta?
-Sim. Volto a repetir a pergunta, caso tenhas esquecido da complexidade da mesma. No que é que isso te afecta?
-Não gosto. Estás a prejudicar o ambiente!
-A sério? A sério que queres usar esse argumento?
-Sim.
-Ok dumbfuck. Tens a noção que estás a equiparar esta garrafa de plástico aos resíduos evacuados num rio por uma indústria qualquer.
-Toda a gente tem de contribuir para salvarmos o planeta.
-Não me venhas com essa conversa de salvar o planeta seu freak de merda. A única forma de esta garrafa de plástico matar uma espécie em extinção, é se eu fosse ao seu habitat e lhe enfiasse isto pela boca abaixo.
-Sim, mas...
-Antes de continuares meu aborto, deixa-me dizer que eu deixo isto num sítio que vai ser limpo por alguém, ok?
-Ou seja estás a sujar para outros limparem. E achas isso correcto?
-Se eu não sujar, não há nada para limpar. E se não houver nada para limpar, não há um objectivo para esse emprego existir, certo? E assim sendo essas pessoas já não são contratadas e vão para o desemprego. Mas uma coisa que, tendo em conta a tua inteligência ainda não te deves ter apercebido, é que nós não vivemos só do ar! OH OH surpresa das surpresas, as pessoas precisam de dinheiro. Meu idiota, a única coisa que realmente estou a fazer é a fomentar emprego, portanto… cala-te.

Mas não se calam. Está em voga ser verde, está na moda ser ambientalista. Salvar o planeta, salvar uma espécie. Qual o propósito disso? A única justificação plausível que me ocorre é a satisfação de se sentirem moralmente superiores, porque de certa forma cumpriram o papel, diga-se de passagem inventado, por esta idiocracia em que vivemos. Poderão dizer: essa espécie está inserida num ecossistema, e se retirada do mesmo, poderá ter um efeito borboleta noutros ecossistemas. Quem é o maior prejudicado se isso ocorrer? Nós. Acontece que eu estou-me a cagar para a raça humana.
E não meus amigos, eu não sou o maior poluidor do século. Vão descarregar as vossas frustrações para outro lado.