A RTP1, na qualidade de canal estatal, assumindo que isso significa que providencie algum tipo de serviço público, decidiu lançar um programa intitulado Melhor Canção de Sempre.
Para quem não viu este programa no passado domingo 2 de Fevereiro, passa-se, muito provavelmente, na unidade de geriatria do hospital Santa Maria. Foi impressionante a quantidade de gente a cheirar a… (o odor de velho é a mescla sabe-se lá do quê – couves e mijo?), reunida num estúdio. Mais impressionante foi o aspecto amador do programa. Parecia uma fusão entre teatro de revista e musical. Agoniante, a não ser é claro que estivéssemos numa idade onde as funções mentais assim como a audição, não estivessem no seu auge. Curiosamente é a descrição da maioria do público. Talvez não seja assim tão curioso.
Como podem supor, quando o programa começou a minha primeira intenção foi mudar, contudo decidi continuar a ver para poder escrever este texto.
Sílvia Alberto era a apresentadora de serviço. Boa como sempre, apesar daquilo que trazia vestido me ter parecido às vezes algo que o próprio Cardinali vestiria, repetia de forma contínua: melhor canção de sempre. Dá a sensação que até os bons profissionais se prostituem com facilidade. Deve ser do contrato.
Na primeira música, um dos guitarristas estava muito animado a fazer pantominas de baixo nível do Hendrix, para delírio das suas groupies de 70 anos. Qual a música? Conquistador dos Da Vinci. Começava bem. Oh Boy... começava bem.
Continua o programa, e a RTP com a disfarçada intenção de sacar dinheiro, coloca a Sílvia de dizer um número de telefone, para que os telespectadores pudessem telefonar a votar na sua música favorita. Acaba ela de dizer o número, diga-se de passagem que era um número geral, não relacionado com uma música específica, e o público desata a aplaudir. Mas foi aqueles aplausos de programa da manhã. Nada com muito vigor. O suficiente para me pôr a rir, visto que deve ter sido a primeira vez que vi um número de telefone merecer um aplauso.
Acaba outra música, que nem me dei ao trabalho de apontar, a qual os espectadores da Praça da Alegria (aquilo sem o Goucha não é o mesmo) tinham estado a cantar e a graciosa Sílvia diz: “Ah sabem a letra de cor! Temos aqui cantores, quem sabe dentro de algum tempo!” OH COMO EU REBOLEI! Aquilo sim é sarcasmo. Quem sabe dentro de algum tempo o quê Sílvia? Estejam debaixo de nós?
Na música “Chamar a Música” o público levantou os braços e fez aquela mariquice em conjunto, contudo foi sol de pouca dura para alguns, visto que tinham de segurar a máscara de oxigénio.
A certa altura mudei para o Aleixo, só para descontrair um bocado. Foi o episódio da Lambada. “Chorando se foi quem um dia só me fez chorar.”
Aparentemente haverá uma excruciante segunda parte deste concurso/estupidez. Nem comento.
Foi para intervalo e voltei a por na SIC Radical. Estava a dar Gato Fedorento, quando tinham versatilidade nas personagens. Sim, isto foi um eufemismo para dizer que tinham mais piada na altura. Alguns dizem que é devido ao formato. É o mais provável. Contudo também me parece que paira sobre os quatro um pouco de arrogância. Tornaram-se os adorados de Portugal em pouco tempo e agora acham que podem fazer qualquer coisa que os portugueses engolem e riem. É com eles, mas os portugueses são idiotas.
No final descobri que a Melhor Música de Sempre só poderia estar no selecto grupo das que foram ao festival da Eurovisão. E teriam de ser portuguesas. Quando é que foi a ultima vez que Portugal ganhou esse festival? E esta é a forma irónica, menos agressiva, que encontrei para questionar a validade do programa.
Deus do Céu, tenho que encontrar outras formas de perder o meu tempo.
5 comentários:
muito bom!
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Já sabes Ortiz assim que for o teu 60º aniversário estarei lá com um barrote para te dar com ele, assim já não cheiras a couves e a mijo. Ou então um tiro no olho à Moe Green... Nah se calhar o barrote é melhor, faz menos impressão.
Anseio por esse final caro César.
Lili como já não les Ideias Soltas, não falo contigo...
acabaste de o fazer. só pa informar xD eheh
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O PF.
Deixem-no trabalhar.
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