quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Entrevista ao Cardeal de Lisboa.

Hoje tenho aqui comigo o Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, para a primeira de, esperemos, muitas entrevistas com personalidades do nosso País e do Mundo.

Antes de mais nada, muito bom dia caro cardeal.

Bom dia.

O senhor vem aqui hoje...

Desculpe interromper, mas não há problema se eu comer a minha taça de hóstias com leite enquanto o senhor faz a entrevista pois não? É que ainda não comi nada hoje...

Não, de todo. Esteja à vontade. Como estava a dizer... O senhor vem aqui hoje tentar esclarecer alguns aspectos no que diz respeito ao decorrido há dias no auditório do casino da Figueira da Foz. Alguns consideram que o senhor foi imprudente.

De facto, eu bem sei que devia ter parado de jogar quando estava a ganhar para cima de oito mil euros na mesa de Blackjack...

Desculpe mas eu estava a referir-me às palavras que o cardeal proferiu no auditório, e passo a citar «Cautela com os amores. Pensem duas vezes em casar com um muçulmano, pensem muito seriamente, é meter-se num monte de sarilhos que nem Alá sabe onde é que acabam.»

Ah isso. Claro. Então não concorda comigo?

Bem, não sou religioso mas considero que essa afirmação pode ser um pouco agressiva para com os muçulmanos.

Então mas gostava de ter uma filha sua casada com um muçulmano? Aquela gente reza cinco vezes por dia. Imagine que a sua filha acabou de lhe dar um neto e a criança precisa de dormir, e lá está a besta do pai a rezar ao lado da caminha do rebento às cinco da manhã.

Sim, realmente é chato. Mas cada um acredita no que quiser. Não iria interferir nesse aspecto. Eles teriam de se organizar...

E imagine o que seria o cruzamento da sua lindíssima filha ( presumo que a sua filha será lindíssima tendo em conta que o senhor é por si só esbelto e com traços belos ) com um muçulmano. Já reparou, todos eles parecem que foram untados com caril à nascença. Seria como ter um óptimo cozido à portuguesa, mas com molho de caril. Deve ser horrível.

Obrigado pelo elogio...acho eu. De qualquer forma, penso que isso são preconceitos muito primários e o senhor está a passar os limites...

O quê? Isto sem falar no jejum do Ramadão. Imagine que a sua filha está grávida pela segunda vez, e quando vai para ter o bebé precisa que o marido a leve ao hospital. Ora o homem não come sabe-se lá à quanto tempo, está fraco e desmaia-me ali no chão. E a sua filha desorientada...

Penso que essa é uma situação muito pouco provável e deveríamos respeitar os seus rituais, não?

Sim claro. Não se metam é com as moças portuguesas. Com tanta gaja boa que há para aí
nesse mundo...


Hmmm, vou pedir-lhe que tenha um pouco mais de cautela com a linguagem que há crianças a ler o blog.

Peço imensa desculpa, tem toda a razão.

O que pensa da viagem a Meca? A religião islâmica pressupõe que os seus praticantes vão a Meca, pelo menos uma vez na vida. Os cristãos como o senhor, não têm este tipo de “obrigações religiosas”, não pensa que este facto poderá levar as pessoas a pensar que o Cristianismo é uma religião desleixada?

Eu penso que a viagem é muito maçadora para quem vai de autocarro. Aconselho a que o façam num transporte mais rápido, como o avião. Mas lá está, com esta gente nunca se sabe. Podem muito bem sequestrar o aparelho e fazê-lo colidir num edifício. De autocarro já é mais complicado porque é um pouco mais lento, faz menos estragos. E depois veja lá se eles fazem essa viagem até aos seus vinte ou mesmo trinta anos...Não fazem. Porquê? Porque estão à espera de casar uma bela portuguesa que depois lhe pague a viagem. Em relação ao facto da nossa religião ser desleixada só tenho uma coisa a dizer: Quem diz é quem é!

Vai-me desculpar, mas creio que o senhor está a ser demasiado ofensivo e ainda, infantil. Está a associar terrorismo ao islamismo e isso é gravíssimo. Especialmente para um alto representante da Igreja como o senhor.

Veja lá a minha taça de cereais. Não gosto nada quando as hóstias ficam demasiado tempo no leite, depois ficam moles...

Bem, para finalizar...Eu não queria abordar assuntos muito pesados, mas não posso deixar passar em claro a sua presença aqui e queria perguntar-lhe, com o maior respeito, sem nenhuma tentativa de abalar a sua inquestionável fé em Deus. Mas...que raio de nome é Policarpo?

Ainda bem que pergunta isso. Por acaso é um facto curioso. Policarpo foi o nome que a minha mãe me deu, adoptando uma antiga técnica chinesa. Eles por vezes lançavam pequenas pedras num lago e davam o nome aos filhos consoante o som reproduzido pela pedrinha. Geralmente era sempre “Ming”, “Xang” etc. Mas a minha mãe era uma pessoa robusta e agarrou num calhau de sete quilos, se não me engano. E foi o som que aquilo fez. Policarpo. E assim ficou. Mas trate-me por Poli.

Bom e esta foi a entrevista possível com o cardeal de Lisboa. Cardeal, muito obrigado pela sua presença e espero tê-lo de volta aqui em breve, se Deus quiser.

Ele quer. Mas a mim não me apetece muito. Logo se vê...

Com certeza. Adeus.

8 comentários:

Anónimo disse...

Sim Sr.

Fábio disse...

Obrigado.
Good old D.José Policarpo...assim até dá gosto.

Anónimo disse...

Mais uma vez se isto fosse interpretado dava para que ao inicio o Poli te recebesse num roupão (visto não termos as vestimentas), e quando abrisse a caixa das hostias tirasse de lá um brinquedo. Um pápa que abana a cabeça. Colorir a história.

Fábio disse...

Vá já chega.

Andreia disse...

Até os cardeais não gostam de cereais moles!
Ó FF onde é tu arranjas connect's destes?

Anónimo disse...

No mesmo sitio que vai buscar a cara de urso (imagem do Chumbita)

Hehe, bom texto sim senhor.

Goncalo Barradas... ops, Machuqueiro

Fábio disse...

Andreia já aos anos que o cardeal e eu somos unha e carne.
Costumávamos muito ir à Espanha, fazer coisas...
Bons tempos.

Obrigado caro Gonçalo.

Andreia disse...

Bolas... pensei que fosse a Lucy!