quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
Reservado a maníacos
Quando o metro de Almada ainda estava em processo de construção, passavam constantemente alguns metros em formação à frente da minha casa. Ok, a casa não é minha, é do senhor de barba. Mas é mais minha que vossa, por isso calem-se.
No entanto o processo está concluído e a linha já está completamente construída, porém continuam a passar cerca de cento e cinquenta ( sem exagero ) metros “reservados” por dia.
Mas afinal, reservado a quem?
A pessoas bonitas? A feios? Ou será mesmo à CIA? Ou à equipa B do São Mamede de Infesta. Mas esta última não faz sentido, porque Infesta ainda é longe. Mais longe que Lisboa.
Curioso aventurei-me numa dessas viaturas, para ver que magia se passava por lá.
Entro, e como faço parte, inevitavelmente, da geração rebelde, não validei o cartão. Senti depois disso que me devia dedicar a crimes de alto gabarito e o meu próximo golpe será pintar um caixote do lixo de vermelho. Ou amarelo vivo. Para se confundir com o sol.
Estava vazio e sentia-se uma brisa a marisco. Eis que avisto uma senhora avantajada em termos de gordura corporal e pêlos faciais. Comia um hamburguer duplo com bacon, um queijo flamengo, ketchup, mostarda, mayonnaise, molho agridoce, molho barbecue, alface, tomate, pepino, batatas ruffles de presunto, coxa de frango, ovos mexidos, e ainda se avistava uma perninha de rã mal passada, ainda esperneava um bocado. Sentei-me ao lado da senhora e disse-lhe:
- Olhe que esse tipo de comida faz-lhe mal.
- Mas eu gosto.
- Sim, mas devia comer coisas mais saudáveis...
- Pois eu sei. Às vezes como uma saladinha ou assim. Gosto muito.
- Eu por acaso não gosto de saladas...
- Eu também não.
- ?
E continuou a comer. Eu tentei não meter mais conversa com a senhora. Não apenas pelo facto de ser capaz de me matar com uma chapada bem dada, nem pelo facto de ter mais barba que eu, mas antes pelo tipo de conversa que a senhora manteve.
Ao dar uma trinca na avultada sandwich, deixou cair uma mistela daqueles molhos na minha perna. De imediato se deu conta do sucedido:
- Ah peço desculpa! Deixe estar eu limpo.
Saca então de um lenço e começa a esfregar com convicção. Mas eu não queria:
- Não faz mal, deixe estar eu limpo, não há problema.
Mas não me ligou e continuou e desempenhar a sua função com afinco. Decido então pegar-lhe na mão e tirá-la da minha perna, ao que a senhora me olha nos olhos:
- Amo-te.
- O quê?!
- Desculpe. Pensei que...
Levantei-me e fui sentar-me noutro sítio. Enquanto estava de pé aproveitei para confirmar se este metro não ia para o Miguel Bombarda. Mas não ia.
Avisto um senhor que ostentava o fato-de-treino do Benfica. Já era um equipamento antigo, da época da Parmalat. Belos tempos. Mas de qualquer forma, um benfiquista é sempre um benfiquista de coração e o que veste nada interessa. Desde que esteja limpo e não cheire a naftalina.
- Vejo que o senhor é fã do Benfica.
- Fã? Eu vivo para o Benfica!
- Muito bem...
- Aliás, se o senhor for à Catedral e perguntar pelo Valadas toda a gente sabe quem é!
- Ah o senhor é conhecido por lá...muito bem. De onde é?
- Eu sou de Vila Real.
- Sim senhor.
- Mas há duas.
- Duas quê?
- Duas Vilas Reais.
- Ah pois é...Então de qua...
- De trás-os-montes.
- Bela terra. Vi na televisão e pareceu-me engraçado.
- Mas gostava mais de ser do Algarve.
- Ah sim?
- Sim por causa do calor.
- Poi...
- E praia.
- Pois. Então e costuma ir à casa do Benfica da sua terra?
- Tão não? Vou lá sempre. Mas vou à da parte nova da cidade. Que a outra cheira a mofo.
- Têm duas casas?
- Sim. Uma vermelha e uma verde.
- Verde??
- Sim, é onde eu costumo ir. Até tem o emblema do Sporting na porta.
- Então mas...Desculpe lá, mas isso...é a casa do Sporting...
- Tão mas já alguma vez foi a Vila Real?
- Não...mas...
- Então cale-se. Tão eu vou lá sempre ver os jogos do Benfica...
- Passam lá os jogos do Benfica?
- Sim, quando é contra o Sporting.
Depois deste incidente, decidi não falar com mais ninguém que viajava por lá. O que também era complicado, pois só havia mais uma pessoa no metro. E olhando bem dali, era uma foca. Macho.
Para quem não acredita na realidade destes acontecimentos, recomendo viajarem no metro que vai para Corroios. Apanhem o das quatro e cinco da manhã.
Pronto, só queria partilhar esta aventura, e não se metam com esta gente. Agora façam favor de dizer a 15 amigos para lerem este texto nos próximos 15 minutos senão os vossos sonhos não se irão realizar. Os rapazes irão inclusive apanhar lepra na próxima meia-hora e as meninas vão entrar em menopausa no mais tardar daqui a uma semana, tá bom? Tão vá.
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8 comentários:
Envergonhadito como és, estas conversas são, deixa cá ver... bem possíveis de ocorrer! *
"Pintar um caixote do lixo de vermelho. Ou amarelo vivo. Para se confundir com o sol."
eu acho que isto seria visto como uma tentativa de fazer um ecoponto vermelho, mais conhecido por pilhão ou ou ecoponto amarelo para reciclagem de embalagens. visto bem, até seria mais agradável para o ambiente.
quanto ao metro, decerto q será mlhr q os autocarros da tst. mas cm ainda n andei, fico so c essa ideia.
para terminar em tom de fátima lopes: um conselho: n fales c estranhos.porque va, sao estranhos..xD
*
Ando a perguntar-me a algum tempo quem é que fabrica esse gelado roxo? Olá, Cami, Capitão Iglo?
Lucy: Tanto são, que aconteceram.
Lili: Sim eu nao volto a falar, esta aventura assustou-me xD
João campeão: Os gelados faço-os eu mesmo, são caseiros. Muito bons.
mas sabem a q? amora?
O facto de tu fazeres os gelados assustou-me. A imagem de tu estares a faze-los nu, só com o chapéu de pasteleiro, e a cantar músicas dos Pólo Norte...e a fazeres aquilo em que apontas o dedo para o publico, com as pernas abertas...algo me diz que já não vou dormir hoje!
O facto de tu centrares essa imagem mental no meio das pernas do ff assusta-me a mim.
Não assusta não...
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