Hoje uma vez mais fui trabalhar. Fiz tudo o que era suposto fazer e voltei para casa por hora do almoço. A ideia: continuar a luta diária contra o trabalho que chega sem dizer bom dia ou boa tarde, senta-se, enrosca-se num companheiro seu que tinha chegado primeiro – mas de longe sem a importância deste – e espera, acumulando-se.
Portanto cá vou eu descansado da minha vida, dirigindo-me para a plataforma do comboio em Entrecampos. Enquanto me arrastava calmamente até ás escadas rolantes, já que o corpo está enferrujado em demasia para a loucura das escadas “não rolantes”, vejo um senhor. Senhor normal, de certo trabalhador, entre os 35-45anos. O senhor opta pelas escadas rolantes e entra nas mesmas colado a mim. Demasiado colado a mim.
Não sei se por em criança a minha turma ter a brincadeira – parva – de abrir mochilas e “roubar” as coisas uns aos outros, se por ser uma pessoa desconfiada por natureza e extremamente atento ao que me rodeia; senti claramente o fecho da mochila a abrir. Um abrir cuidadoso é certo. Monótono. Silencioso. Mas, contudo, a abrir. Olhei para as minhas mãos e estavam no mesmo sítio. Estranho. O fecho abria. Mas não eram as minhas mãos a fazê-lo. Esperei uma fracção de segundos e optei, num gesto sábio, por me virar bruscamente. Qual não é o meu espanto quando vejo que o dito senhor tinha metade da minha carteira na mão pertencendo a outra metade à minha mochila. O gesto brusco fez com que a metade que pertencia à minha mochila, saltasse para a mão do senhor que, surpreendido, opta por tentar esconder a carteira atrás da perna esquerda. E mais que não seja porque a carteira era minha – tanto a metade que o senhor tinha na mão, como a que a minha mochila antes guardava – achei por bem pedir-lha. Achei que estava no meu direito. E para ter a certeza que a frase era compreendida, exemplifiquei com gestos, tentando tirar a carteira da mão do senhor. A carteira caiu da mão do senhor no preciso momento em que as escadas rolantes tinham chegado ao fim. O senhor amavelmente agarrou-a ao mesmo tempo que eu. Como num filme romântico. E cedeu-me a carteira dizendo: “Tinha caído ao chão”.
Afinal o senhor era um ladrão. Mas não um ladrão a sério. Um mero carteirista… Com uma técnica fraquinha.
Ainda estou para perceber o porquê de não ter tido uma reacção agressiva. O instinto estava lá. Estou certo que o olhar assassino também já tinha dito olá ao alvo. Mas fiquei-me por aqui. Males de quem um dia aspirou a entrar na Policia Judiciária e sabia que ter cadastro inviabilizava uma possível candidatura.
O desemprego anda elevado. As soluções são escassas. Os pequenos delitos aumentam como uma mera necessidade de sobrevivência. É pena é optarem por roubar a quem já pouco tem.
Assim, e visto que os teólogos do FMI (Fundo Monetário Internacional) anunciaram recentemente que em 2011 o desemprego vai bater nos 10,9%, achei por bem dar uma recomendação – àqueles que se dignarem a ler – igual à do metro de Lisboa: “Take care of your belongings”.
Portanto cá vou eu descansado da minha vida, dirigindo-me para a plataforma do comboio em Entrecampos. Enquanto me arrastava calmamente até ás escadas rolantes, já que o corpo está enferrujado em demasia para a loucura das escadas “não rolantes”, vejo um senhor. Senhor normal, de certo trabalhador, entre os 35-45anos. O senhor opta pelas escadas rolantes e entra nas mesmas colado a mim. Demasiado colado a mim.
Não sei se por em criança a minha turma ter a brincadeira – parva – de abrir mochilas e “roubar” as coisas uns aos outros, se por ser uma pessoa desconfiada por natureza e extremamente atento ao que me rodeia; senti claramente o fecho da mochila a abrir. Um abrir cuidadoso é certo. Monótono. Silencioso. Mas, contudo, a abrir. Olhei para as minhas mãos e estavam no mesmo sítio. Estranho. O fecho abria. Mas não eram as minhas mãos a fazê-lo. Esperei uma fracção de segundos e optei, num gesto sábio, por me virar bruscamente. Qual não é o meu espanto quando vejo que o dito senhor tinha metade da minha carteira na mão pertencendo a outra metade à minha mochila. O gesto brusco fez com que a metade que pertencia à minha mochila, saltasse para a mão do senhor que, surpreendido, opta por tentar esconder a carteira atrás da perna esquerda. E mais que não seja porque a carteira era minha – tanto a metade que o senhor tinha na mão, como a que a minha mochila antes guardava – achei por bem pedir-lha. Achei que estava no meu direito. E para ter a certeza que a frase era compreendida, exemplifiquei com gestos, tentando tirar a carteira da mão do senhor. A carteira caiu da mão do senhor no preciso momento em que as escadas rolantes tinham chegado ao fim. O senhor amavelmente agarrou-a ao mesmo tempo que eu. Como num filme romântico. E cedeu-me a carteira dizendo: “Tinha caído ao chão”.
Afinal o senhor era um ladrão. Mas não um ladrão a sério. Um mero carteirista… Com uma técnica fraquinha.
Ainda estou para perceber o porquê de não ter tido uma reacção agressiva. O instinto estava lá. Estou certo que o olhar assassino também já tinha dito olá ao alvo. Mas fiquei-me por aqui. Males de quem um dia aspirou a entrar na Policia Judiciária e sabia que ter cadastro inviabilizava uma possível candidatura.
O desemprego anda elevado. As soluções são escassas. Os pequenos delitos aumentam como uma mera necessidade de sobrevivência. É pena é optarem por roubar a quem já pouco tem.
Assim, e visto que os teólogos do FMI (Fundo Monetário Internacional) anunciaram recentemente que em 2011 o desemprego vai bater nos 10,9%, achei por bem dar uma recomendação – àqueles que se dignarem a ler – igual à do metro de Lisboa: “Take care of your belongings”.
2 comentários:
"pay special attention when entering or exiting the train" or else: "everywhere"
Por falar em ladrões, no outro dia tu fizeste aquele truque em que me tiras o nariz...quando é que o devolves?
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